O PROJETO HOTELEIRO PARA A 901 NORTE
O projeto hoteleiro proposto pelo GDF para a Quadra 901 Norte é a mais grave agressão ao Plano Piloto de Brasília desde sua fundação, o que provocou a união espontânea de arquitetos e urbanistas em defesa da cidade em setembro de 2011, o que resultou em um Manifesto com um abaixo assinado com mais de 140 profissionais repudiando a proposta.
ENTENDENDO BRASÍLIA E O PROJETO DA 901 N
Para entender a questão da 901 Norte, é importante saber que todas as quadras 900 compõem o Setor de Grandes Áreas Norte (SGAN) e Sul (SGAS) e foram pensadas para terem prédios baixos, espalhados e com predomínio de vegetação.
Todas as quadras 900 sul e norte obedecem as mesmas regras de ocupação: a altura dos prédios não pode ultrapassar 9,50 metros (cerca de 3 andares) e o uso permitido é institucional, com atividades beneficentes, educacionais e culturais, dentre outras. Na Quadra 901 Norte, localizada ao lado do Colégio Militar de Brasília, são aplicadas essas mesmas regras de ocupação.
Como acontece com todas as quadras do Plano Piloto, a Quadra 901 existe tanto na Asa Sul quanto na Asa Norte. Metade da Quadra 901 Sul é ocupada por instituições e a outra metade é ocupada pelo Parque da Cidade. Não há hotéis nem comércio na 901 Sul. Dessa forma, não é verdade que o complexo hoteleiro Brasil 21 encontra-se na 901 Sul pois ele está na extremidade do Setor Hoteleiro Sul.
A faixa composta pelas quadras 900 sul e norte faz a transição entre a cidade construída e o Parque da Cidade e Parque Ecológico Norte e por isso entende-se que elas possuem características da "Escala Bucólica", como propôs Lucio Costa no projeto para o Plano Piloto.
Lucio Costa também decidiu marcar a Área Central de Brasília com os prédios mais altos e com atividades que atraíssem um grande número de usuários, que "agregasse" as pessoas. Por isso essa área faz parte da "Escala Gregária". Ela é formada pelo Setor Hoteleiro, Setor Comercial, Setor de Rádio e TV, Setor Bancário, Setor de Autarquias e Setor Médico-Hospitalar, tanto na Asa Sul quanto na Asa Norte.
Na Área Central de Brasília os prédios são muito altos e concentrados e na região das quadras 900 sul e norte os prédios são baixos e espalhados. Essas diferenças entre esses conjuntos de prédios, entre esses setores, definem as formas da cidade. São a chamada "volumetria".
É essa volumetria que, juntamente com os usos permitidos (comércios, instituições, residências, etc), define as "Escalas" que Lucio Costa concebeu no projeto do Plano Piloto e que são protegidas pelo tombamento:
Tanto as regras de volumetria e usos que definem as escalas quanto o desenho dos setores do Plano Piloto foram protegidos pela legislação do Governo do Distrito Federal (1987) e pelo tombamento do Governo Federal (1990).
O mundo também reconheceu o valor de Brasília quando a Unesco - órgão da ONU - concedeu à cidade o título de Patrimônio Cultural da Humanidade, em 1987. A partir desse momento, Brasília foi colocada no mesmo patamar de importância que a Muralha da China, as Pirâmides do Egito, a Acrópole de Atenas, o Palácio de Versalhes, as margens do Rio Sena de Paris, entre outros. Enquanto patrimônio mundial, Brasília detém a maior área tombada do mundo e é o único bem contemporâneo a receber tal distinção da Unesco.
O PROJETO DO GDF PARA A 901 NORTE
No final de 2010 a TERRACAP propôs um projeto hoteleiro para a Quadra 901 Norte justificado por uma suposta falta de leitos de hospedagem para a Copa do Mundo de 2014. Esse projeto propôs prédios para hotéis com alturas de até 65 metros - cerca de 3 vezes a altura de um bloco de uma Superquadra - e transformaria a Quadra 901 Norte em uma expansão do Setor Hoteleiro Norte, com altura de prédios e usos totalmente em desacordo com o projeto original de Brasília protegido pelo tombamento.
Levar alturas e usos da Área Central do Plano Piloto para onde elas não deveriam estar altera o tamanho e a forma da área delimitada por Lucio Costa para o Centro da cidade, além de ignorar a escala bucólica ao substituí-la pela escala gregária, em total afronta ao tombamento. Isso tudo também faz com que a região central norte fique diferente da sul, acabando com o "espelhamento" ou "simetria" da cidade.
O projeto apresentado pela TERRACAP e GDF para a Quadra 901 Norte ignora que Brasília é um patrimônio cultural e um monumento mundial.
Entendemos que a quadra 901 norte possa ser ocupada de acordo com os usos permitidos por meio de um projeto responsável e coerente com o tombamento da cidade e seu título de Patrimônio Cultural da Humanidade. Clique aqui para ler sobre idéias para a ocupação da 901 norte.
Um evento de alguns dias como a Copa do Mundo não pode ser justificativa para que haja uma alteração tão marcante no Plano Piloto, para que a quadra 901 norte sofra alteração de usos tão drástica e receba prédios tão altos onde são permitidos somente 3 pavimentos. Isso pode não ser um problema em outras cidades, mas para uma cidade tombada e reconhecida como Patrimônio Cultural da Humanidade é uma grave agressão que pode colocar o título da Unesco em risco. Há diversas outras opções que contribuiriam para solucionar esse suposto problema mas que o GDF não tem considerado.
A NEGATIVA DO IPHAN E DA SOCIEDADE
Após o posicionamento do movimento Urbanistas por Brasília por meio de Manifesto com mais de 130 assinaturas de profissionais e de Maria Elisa Costa - filha de Lucio Costa - por meio de um parecer assertivo, a uma semana da audiência pública do GDF, a Superintendência local do IPHAN se manifestou contrária ao projeto hoteleiro para a 901 Norte em 13/10/2011. Com o veto do IPHAN, o projeto foi arquivado naquela oportunidade.
Entretanto o Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília - PPCUB - à revelia do posicionamento de urbanistas e do próprio IPHAN, volta a propor o projeto hoteleiro para a quadra 901 do SGAN e a pressão por sua aprovação na CLDF foi muito grande no fim de 2012.
O tombamento da cidade e seu reconhecimento como Patrimônio Cultural da Humanidade exigem do governo local e do governo federal uma postura responsável e um controle rigoroso das ocupações para proteger e preservar esse monumento vivo de acordo com a legislação existente.
A sociedade é responsável pela escolha dos governantes e ao deve demonstrar seu descontentamento com essa agressão a Brasília, lembrando ao governo sua responsabilidade na preservação desse patrimônio. Participe ativamente do abaixo assinado contra o projeto hoteleiro da 901 norte clicando abaixo:
ABAIXO-ASSINADO CONTRA HOTÉIS NA 901 NORTE
ENTENDENDO BRASÍLIA E O PROJETO DA 901 N
Para entender a questão da 901 Norte, é importante saber que todas as quadras 900 compõem o Setor de Grandes Áreas Norte (SGAN) e Sul (SGAS) e foram pensadas para terem prédios baixos, espalhados e com predomínio de vegetação.
Todas as quadras 900 sul e norte obedecem as mesmas regras de ocupação: a altura dos prédios não pode ultrapassar 9,50 metros (cerca de 3 andares) e o uso permitido é institucional, com atividades beneficentes, educacionais e culturais, dentre outras. Na Quadra 901 Norte, localizada ao lado do Colégio Militar de Brasília, são aplicadas essas mesmas regras de ocupação.
Como acontece com todas as quadras do Plano Piloto, a Quadra 901 existe tanto na Asa Sul quanto na Asa Norte. Metade da Quadra 901 Sul é ocupada por instituições e a outra metade é ocupada pelo Parque da Cidade. Não há hotéis nem comércio na 901 Sul. Dessa forma, não é verdade que o complexo hoteleiro Brasil 21 encontra-se na 901 Sul pois ele está na extremidade do Setor Hoteleiro Sul.
A faixa composta pelas quadras 900 sul e norte faz a transição entre a cidade construída e o Parque da Cidade e Parque Ecológico Norte e por isso entende-se que elas possuem características da "Escala Bucólica", como propôs Lucio Costa no projeto para o Plano Piloto.
Lucio Costa também decidiu marcar a Área Central de Brasília com os prédios mais altos e com atividades que atraíssem um grande número de usuários, que "agregasse" as pessoas. Por isso essa área faz parte da "Escala Gregária". Ela é formada pelo Setor Hoteleiro, Setor Comercial, Setor de Rádio e TV, Setor Bancário, Setor de Autarquias e Setor Médico-Hospitalar, tanto na Asa Sul quanto na Asa Norte.
Na Área Central de Brasília os prédios são muito altos e concentrados e na região das quadras 900 sul e norte os prédios são baixos e espalhados. Essas diferenças entre esses conjuntos de prédios, entre esses setores, definem as formas da cidade. São a chamada "volumetria".
É essa volumetria que, juntamente com os usos permitidos (comércios, instituições, residências, etc), define as "Escalas" que Lucio Costa concebeu no projeto do Plano Piloto e que são protegidas pelo tombamento:
- Escala Residencial (Superquadras);
- Escala Gregária (Área Central);
- Escala Monumental (Eixo Monumental);
- Escala Bucólica (áreas verdes e com baixa ocupação).
Tanto as regras de volumetria e usos que definem as escalas quanto o desenho dos setores do Plano Piloto foram protegidos pela legislação do Governo do Distrito Federal (1987) e pelo tombamento do Governo Federal (1990).
O mundo também reconheceu o valor de Brasília quando a Unesco - órgão da ONU - concedeu à cidade o título de Patrimônio Cultural da Humanidade, em 1987. A partir desse momento, Brasília foi colocada no mesmo patamar de importância que a Muralha da China, as Pirâmides do Egito, a Acrópole de Atenas, o Palácio de Versalhes, as margens do Rio Sena de Paris, entre outros. Enquanto patrimônio mundial, Brasília detém a maior área tombada do mundo e é o único bem contemporâneo a receber tal distinção da Unesco.
O PROJETO DO GDF PARA A 901 NORTE
No final de 2010 a TERRACAP propôs um projeto hoteleiro para a Quadra 901 Norte justificado por uma suposta falta de leitos de hospedagem para a Copa do Mundo de 2014. Esse projeto propôs prédios para hotéis com alturas de até 65 metros - cerca de 3 vezes a altura de um bloco de uma Superquadra - e transformaria a Quadra 901 Norte em uma expansão do Setor Hoteleiro Norte, com altura de prédios e usos totalmente em desacordo com o projeto original de Brasília protegido pelo tombamento.
Levar alturas e usos da Área Central do Plano Piloto para onde elas não deveriam estar altera o tamanho e a forma da área delimitada por Lucio Costa para o Centro da cidade, além de ignorar a escala bucólica ao substituí-la pela escala gregária, em total afronta ao tombamento. Isso tudo também faz com que a região central norte fique diferente da sul, acabando com o "espelhamento" ou "simetria" da cidade.
O projeto apresentado pela TERRACAP e GDF para a Quadra 901 Norte ignora que Brasília é um patrimônio cultural e um monumento mundial.
Entendemos que a quadra 901 norte possa ser ocupada de acordo com os usos permitidos por meio de um projeto responsável e coerente com o tombamento da cidade e seu título de Patrimônio Cultural da Humanidade. Clique aqui para ler sobre idéias para a ocupação da 901 norte.
Um evento de alguns dias como a Copa do Mundo não pode ser justificativa para que haja uma alteração tão marcante no Plano Piloto, para que a quadra 901 norte sofra alteração de usos tão drástica e receba prédios tão altos onde são permitidos somente 3 pavimentos. Isso pode não ser um problema em outras cidades, mas para uma cidade tombada e reconhecida como Patrimônio Cultural da Humanidade é uma grave agressão que pode colocar o título da Unesco em risco. Há diversas outras opções que contribuiriam para solucionar esse suposto problema mas que o GDF não tem considerado.
A NEGATIVA DO IPHAN E DA SOCIEDADE
Após o posicionamento do movimento Urbanistas por Brasília por meio de Manifesto com mais de 130 assinaturas de profissionais e de Maria Elisa Costa - filha de Lucio Costa - por meio de um parecer assertivo, a uma semana da audiência pública do GDF, a Superintendência local do IPHAN se manifestou contrária ao projeto hoteleiro para a 901 Norte em 13/10/2011. Com o veto do IPHAN, o projeto foi arquivado naquela oportunidade.
Entretanto o Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília - PPCUB - à revelia do posicionamento de urbanistas e do próprio IPHAN, volta a propor o projeto hoteleiro para a quadra 901 do SGAN e a pressão por sua aprovação na CLDF foi muito grande no fim de 2012.
O tombamento da cidade e seu reconhecimento como Patrimônio Cultural da Humanidade exigem do governo local e do governo federal uma postura responsável e um controle rigoroso das ocupações para proteger e preservar esse monumento vivo de acordo com a legislação existente.
A sociedade é responsável pela escolha dos governantes e ao deve demonstrar seu descontentamento com essa agressão a Brasília, lembrando ao governo sua responsabilidade na preservação desse patrimônio. Participe ativamente do abaixo assinado contra o projeto hoteleiro da 901 norte clicando abaixo:
ABAIXO-ASSINADO CONTRA HOTÉIS NA 901 NORTE